sábado, 6 de agosto de 2011

ANTROPOLOGIA E MEDICINA

POR ANTÓNIO BORGES Já não vivemos em circulos fechados, acontece-me ser convidado para intervir sobre o tema em epígrafe, no contexto de colóquios de e para médicos.

De facto, o conceito de saúde e doença depende também da ideia que se tem de Homem.

1. Assim, sublinharia, em primeiro lugar, a neotenia, para reconhecer que o ser humano é um prematuro, nasce antes do tempo, sendo esta a condição de possibilidade de se tornar Homem. Enquanto os outros animais vêm ao mundo já feitos, o ser humano nasce por fazer e tem de se fazer. Por isso, é sempre o resultado de uma herança genética e de uma cultura em história, com encontros e desencontros e onde há lugar para a liberdade. O Homem é por natureza cultural.

Sobre a possibilidade de aparecer um novo Wolfgang Amadeus Mozart, escreveu Leon Eisenberg: para isso, "teríamos necessidade não apenas do genoma de Wolfgang, mas também do útero da mãe de Mozart, das lições de música do pai de Mozart, da irmã Nannert, da esposa Constanze, do estado da música na Áustria do século XVIII, do apoio de Haydn, do patrocínio do imperador Joseph II, etc., etc. Sem o seu genoma único, o resto não teria sido suficiente. Mas também não podemos concluir que este genoma, aparecido noutro mundo e noutra época histórica, resultaria igualmente num génio musical tão criativo".

2. A concepção tradicional de Homem foi dualista, no sentido de ele ser o composto de duas substâncias: corpo e alma, matéria e espírito. Deste modo, responder-se-ia à pergunta: donde vem toda a actividade espiritual e o pensamento e as ideias abstractas e a ética e a questão de Deus e da ânsia de imortalidade.

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