quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CAMINHOS DO ALÉM

Caminhos do Além: os Mortos na Cidade dos Vivos no Século XVIII por Ana Cristina Araújo Como escreveu Miguel Torga, “O olhar da História petrifica o que vê”. Para o Historiador, a morte, colocada no fio do tempo, é simultaneamente monumento e documento. Inserida num sistema ritual multissecular, a sua representação regista, na sociedade portuguesa do século XVIII, mudanças qualitativas apreciáveis. Os ritos e as atitudes dos crentes denunciam o recuo gradual da pedagogia do medo. Os agentes das novas práticas fúnebres antecipam a imposição social de modelos de celebração memorial mais complexos, de natureza familiar e de acento secularizado. Paralelamente, com o início da campanha a favor da criação de cemitérios públicos, a questão da segurança dos vivos prenuncia a alteração do lugar dos mortos na cidade.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

TALENTO

Há certos talentos que nascem connosco. Mas é verdade que um talento inato permanece, muitas vezes, desconhecido, até ao próprio que o possui. O ambiente em que se vive, desde que se nasce, é determinante. Considero um engano aquela ideia de que, nascendo com determinado talento, ele acabará por se revelar, mais cedo ou mais tarde, qual toque de génio, independentemente das circunstâncias da vida de cada um, encontrando-se o mundo pronto para aplaudir. Lembrei-me disto, ao ler um artigo sobre uma jovem escritora, na revista Ler Nº 125, de junho passado. Rebeca Amorim Csalog estreia-se, aos 17 anos, com Glyrmandia (Editora Planeta), um romance de fantasia com um herói português. Rebeca diz-nos que escreveu a história «que gostava de ter lido aos treze anos, quando era uma devoradora de fantasia». Foi precisamente com essa idade que começou a escrever o livro, que, entre pesquisas, escrita e revisões, demorou algum tempo a ficar concluído. Até porque Rebeca frequenta o 11º ano do curso de Artes Visuais na Escola Secundária de Camões, paralelamente ao curso de Música no antigo Conservatório. E é aqui que o talento se liga ao ambiente em que se vive. A jovem escritora está, desde sempre, ligada às artes, toca harpa desde os seis anos. E diz-nos: «foi a minha mãe que sempre me leu histórias e me incentivou a imaginar e a inventar quem me transmitiu o gosto pela leitura, que mais tarde originou o gosto pela escrita». Há exceções (raras, muito raras), mas, sem ajudas e incentivos, não se vai a lado nenhum, por muito talento que se possua. Aliás, o talento conta apenas 30 a 40% para o sucesso de um escritor. O resto é disciplina, muito trabalho, sorte e, claro, os tais incentivo e ajuda. Ainda bem que há famílias que proporcionam a libertação do talento aos seus rebentos, e o apoiam, como o fez a de Rebeca Amorim Csalog.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

SER LIVRE

Ser livre é não ser escravo das culpas do passado, nem das preocupações do amanhã. Ser livre é ter tempo para as coisas que se ama. É abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de novo. É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção. Mas, acima de tudo, ser livre é ter um caso de amor, com a própria existência e desvendar seus mistérios 'Augusto CURY "

terça-feira, 15 de outubro de 2013

MARCADORES

ADVERSIDADE –-- “Quando vem a adversidade sabe sempre bem encher o peito e fazer-lhe frente. Mostrar-lhe que um dia ela há-de passar, por ser episódica ou mesmo cíclica, e nós ainda continuaremos por cá, porque a vida é nossa e não dela. É a nossa vingança secreta.” APARENCIA--- – “Nesta vida temos de ser sempre camaleões, estar sempre a mudar de aparência. Num dia senhor, noutro dia operário. Num dia dama, noutro dia criada. Não nos podemos arriscar a ser reconhecidos pela roupa…” CASA – “A nossa casa é onde está o nosso corpo CONFLITOS–-- “Os conflitos entre os homens, apesar de estúpidos na sua natureza o mais que se possa imaginar, são sempre episódios pontuais na eterna linha do tempo.” CORAGEM--- – “Ser corajosa não é ter medo. (…) Ser corajosa é enfrentar a situação, mesmo quando temos medo.” DOR –-- “A melhor maneira de lidar com a dor de uma pessoa é (…) exorcizá-la pela via do disparate e da loucura. Resulta no momento, pelo menos.” ESTAR __CONSIGO_ _– “Quem está sempre rodeado de muita gente não tem tempo, nem condições, de ficar consigo mesmo. Está centrado nos outros, na forma como comunica, na opinião das pessoas, nos seus sentimentos e ideias. (…) Qualquer pessoa precisa de ter momentos a sós consigo mesmo, reflectir nas suas próprias ideias, sentimentos e sensações. Se não o fizer, corre o risco de viver sempre em função do eco que recebe dos outros sobre si mesmo.” ( Guerra – “A guerra é uma fábrica de órfãos e de viúvas. E de loucos.” Morte – “Tudo o que fala em morte incomoda as pessoas.” Tempo – “Um minuto é um minuto e um segundo é um segundo. Tudo conta. Se querem ser bons profissionais têm de ser pontuais. Se marcamos qualquer coisa às cinco, é mesmo às cinco, não é às cinco e dois minutos. Se (…) falharem um minuto, falham em qualquer coisa.”

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

5 DE OUTUBRO DIA DE PARADOXOS

Dia paradoxal foi o de ontem, 5 de Outubro. Deixando de ser assinalado como feriado – o Presidente da República começou o seu discurso por essa triste invocação –, o 5 de Outubro é arrumado, queiram ou não, na prateleira. E é paradoxal, porque o regime republicano que temos se deve a esse 5 de Outubro de 1910. Mas as circunstâncias políticas – de ignorância, de esponja, de confronto com a memória – assim determinaram: os dois feriados alusivos a datas fundacionais do regime foram mandados para o lixo – um, foi o de 5 de Outubro, afirmação da República; outro, o de 1 de Dezembro, afirmação da independência do país. Que seria feito dos actuais políticos e dos responsáveis por esta decisão se não estivéssemos num país independente e republicano? Provavelmente, seriam desconhecidos… provavelmente, fariam o que fazem… Dia paradoxal foi o de ontem, 5 de Outubro, em que a cerimónia evocativa foi feita apenas para convidados, como se uma data fundacional estivesse reservada a uma dada elite, seja ela de que origem for. E o mais paradoxal é que, entre essa elite “celebrante”, havia responsáveis pelo estado a que o país chegou…

terça-feira, 1 de outubro de 2013

MEDITAÇÃO

Meditação é sentar-se sem fazer nada. Se começar a fazer alguma coisa, estará movendo-se para fora de seu centro. Quando não estiver fazendo absolutamente nada, seja física ou mentalmente, quando estiver apenas sendo, isto é meditação. Não é possível fazê-la, não é possível praticá-la. É preciso apenas compreendê-la. Sempre que conseguir, pare todo o resto e encontre tempo para apenas ser. Após ter experimentado esse estado de tranqüilidade, aos poucos começará a fazer coisas, mantendo-se alerta para que seu ser não seja perturbado. Isso não significa que tenha que fugir da vida: você se torna o centro do ciclone. Sua vida continua e, na verdade, torna-se mais cheia de alegria, com mais visão e criatividade. Ainda assim, está nas nuvens, um observador nas montanhas, apenas vendo o que ocorre a seu redor. FONTE:Osho