segunda-feira, 21 de outubro de 2013

TALENTO

Há certos talentos que nascem connosco. Mas é verdade que um talento inato permanece, muitas vezes, desconhecido, até ao próprio que o possui. O ambiente em que se vive, desde que se nasce, é determinante. Considero um engano aquela ideia de que, nascendo com determinado talento, ele acabará por se revelar, mais cedo ou mais tarde, qual toque de génio, independentemente das circunstâncias da vida de cada um, encontrando-se o mundo pronto para aplaudir. Lembrei-me disto, ao ler um artigo sobre uma jovem escritora, na revista Ler Nº 125, de junho passado. Rebeca Amorim Csalog estreia-se, aos 17 anos, com Glyrmandia (Editora Planeta), um romance de fantasia com um herói português. Rebeca diz-nos que escreveu a história «que gostava de ter lido aos treze anos, quando era uma devoradora de fantasia». Foi precisamente com essa idade que começou a escrever o livro, que, entre pesquisas, escrita e revisões, demorou algum tempo a ficar concluído. Até porque Rebeca frequenta o 11º ano do curso de Artes Visuais na Escola Secundária de Camões, paralelamente ao curso de Música no antigo Conservatório. E é aqui que o talento se liga ao ambiente em que se vive. A jovem escritora está, desde sempre, ligada às artes, toca harpa desde os seis anos. E diz-nos: «foi a minha mãe que sempre me leu histórias e me incentivou a imaginar e a inventar quem me transmitiu o gosto pela leitura, que mais tarde originou o gosto pela escrita». Há exceções (raras, muito raras), mas, sem ajudas e incentivos, não se vai a lado nenhum, por muito talento que se possua. Aliás, o talento conta apenas 30 a 40% para o sucesso de um escritor. O resto é disciplina, muito trabalho, sorte e, claro, os tais incentivo e ajuda. Ainda bem que há famílias que proporcionam a libertação do talento aos seus rebentos, e o apoiam, como o fez a de Rebeca Amorim Csalog.

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