7.1.1
SEMANA marcada por lojas, do Pingo Doce à Mozart. Criticadas, uma, por ter aberto a porta e se ter posto daqui a mexer, outra, por ser à porta demasiado fechada. Ambas legítimas. Uma porque o capital é assim mesmo, sem pátria. Outra porque é direito de cada um reunir-se com quem quiser e disso não prestar contas públicas.
Dito assim, em generalidade, não haveria motivo para escândalo. Mas houve, e em ambos os casos com razão para haver.
O problema com Alexandre Soares dos Santos não foi com o empresário - 17 empresas das 20 maiores portuguesas cotadas em Bolsa também andam sediadas pela Holanda. O problema é que o empresário se travestira nos últimos tempos em dador de lições aos portugueses. Ora, ele não tinha nada para nos dizer, nem é exemplar, como rapidamente as autoridades holandesas nos fariam saber se o seguíssemos.
O caso da outra loja é o oposto ao do empresário que usurpou o papel de político. O problema da loja Mozart não foi política a mais, mas a menos. Não me importa o que dizem os regulamentos parlamentares, importa-me a confiança que tenho de ter em quem me pede o voto: um deputado que esconde ao seu eleitor que pertence a uma sociedade secreta é uma mentira com direito de fazer leis.
Resumindo, o problema das duas lojas foi a falta de profissionalismo. Gostaria que o Pingo Doce me vendesse mercearia, e só; e a Mozart me mostrasse mais luz, que os maçons não se cansam de dizer ser seu símbolo.
«DN» de 6 Jan 12
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