De súbito os azuis. Trazidos pelas mãos do mar, pelos olhos dos recém-chegados. Nem por isso menos inquietantes, as telas confundem-nosde evolução, de ruptura dinâmica, de procura. Os temas clássicos ainda lá estão, mas libertam-se de limites. Já não confinados, convivem com as figuras de uma época diferente( ), como se fossem estados de alma, assombrações ou, quem sabe esqueletos no armário. Isso, porém, não parece incomodar os novos habitantes.
O olhar fica preso. Procura-se numa tela a explicação da outra e não se encontra.
A Ana ( ) vem devagar, em plena tela, a pedir que fiquemos, que procuremos as respostas. Mas onde encontrá-las a não ser no nosso próprio coração? É, porém, da natureza da inquietação confundir as conclusões e o coração não contesta. Não, enquanto o olhar deambula de cor em cor, de espaço em espaço, de horizonte em horizonte. Horizontes novos, alargados como promessas. Não, enquanto nos apetece ficar aqui, a garimpar, não sei porquê, saudades do futuro, como aquele homem solitário e magoado( ), tão comovente que nos obriga a procurar refúgio no círculo do sonho( ) em busca de outra ficção que a areia esconde.
De súbito, os azuis.
Rosa Lobato de Faria
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