domingo, 24 de junho de 2012

ECONOMIA POLITICA


Eu não diminuo o valor moral de não se gastar mais do que o que se ganha, mas não o transformo numa descrição do "estado natural" da economia. É bom princípio, mas não chega. Há dez anos era racional pagar um empréstimo da casa, em vez de um aluguer. Hoje não é, mas isso não torna irracional e irresponsável a decisão do passado. Os "ajustadores" hoje dirão que é "natural" que percam a casa, o emprego, o salário, porque isso é que é a "verdade" da economia, o preço da restituição pelo "ajustamento" à "verdade" de que a economia se desviou pela perversidade da política. Mas algum economista "ajustador" lhes disse há dez anos para não comprarem casa própria, para não se endividarem, porque iam perder o emprego na década de 2010? Nenhum, nem Medina Carreira.

Na verdade, a única economia que conta é a "economia política", que é aliás a de Adam Smith, Marx, Schumpeter, Keynes, Friedman, e tantos outros. E se há coisas que eles sabiam é que se existisse esse "estado natural" perfeito não haveria economia, e que há "ruído" nas sociedades humanas, e os economistas que não o ouvem são maus políticos. Não há "leis da economia", como não há "leis da sociedade", há pessoas, interesses, grupos, ideias, diferentes escolas e diferentes soluções, diferentes tempos e diferentes modos. Eu não sou relativista porque não penso que valha tudo o mesmo, e porque nós podemos escolher. Em democracia esta escolha faz-se pelo voto, e não se vota em teorias sobre as "leis da economia", nem em experiências de laboratório. Felizmente, o voto ainda não está "ajustado", apesar de alguns esforços europeus. Felizmente, a opinião ainda não está "ajustada", apesar de alguns esforços portugueses. FONTE:Publico 16 de junho de 2012

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